sábado, 5 de maio de 2012

mais um fim de semana

uma ex-professora e querida amiga, respondendo por correio eletrônico a uma publicação deste blog, me disse "quem mandou?" escolher a carreira do magistério... é verdade, quem mandou? em qualquer dos níveis, professora do ensino fundamental, do ensino médio, do ensino universitário (graduação e pós-graduação) há um descaso por parte das ações governamentais e da sociedade em geral. aliás, não estou dizendo nada demais... a gente trabalha as horas presenciais nas universidades mais outras tantas horas sem conta em casa corrigindo provas, preparando aulas, redigindo ensaios, respondendo emails dos alunos, lendo, lendo e lendo. tenho uma colega que além de toda essa função, ainda recebe em sua casa os alunos-estagiários. e muita gente acha que ganhamos fácil... pois sim! mas "quem mandou"? realmente não sei "quem mandou"... sei que sou professora e que um dos meus maiores prazeres foi com uma turma de alunos do mestrado em história da literatura; havia um aluno que sentia muita dificuldade em entender as teorias sobre a filosofia do imaginário, mas ele insistiu nas leituras, não queria perder as aulas, não queria se acomodar em um conhecimento "padrão"; uma tarde, durante a apresentação do seminário de uma aluna, vi que sua expressão mudava. e à medida que a aula seguia com as explicações que eu dava, este rapaz literalmente sofreu uma epifania. ele comentava, perguntava, fazia afirmações, enfim, descobria o funcionamento da coisa. sua alegria era contagiante e a mim, particularmente, recompensadora. minha função é esta: ensinar a pensar, e, para isso, a literatura é a melhor e a mais bem acabada forma de conhecimento do homem, sobre o homem, para o homem em todas as suas possíveis relações. gosto muito de parafrasear uma expressão kardecista: "fora da caridade não há salvação", que pra mim é: "fora da poesia não há salvação". "quem mandou?", minha amiga, não sei mesmo, só sei que apesar de todos os contratempos da profissão não estou sozinha nesta faina diária.  

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