sexta-feira, 18 de maio de 2012

Da solidão e do estado de inadequação ou minha sensação do V senalit e uma reclamação cômica e mal-dormida




Em mim sempre se estabelece um conflito que, na maioria das vezes, não alcanço solução. Sou deste ambiente acadêmico, mas ao mesmo tempo percebo-me em inadequação. Muitas coisas me enfadam e me constrangem. Ainda não sei o que se passa – sei apenas do desconforto que sinto quando ouço palestras exageradamente auto-centradas. Será isso uma falta dos palestrantes ou minha? Na crueza dos fatos, não me agradam. Que fazer? Abster-me? Aderir a algo que me nauseia? Venho tentando uma parcialidade, mas creio que sem eficácia. Passo despercebida até para recompor uma linha histórica das atividades acadêmicas. E me pergunto: é isso, efetivamente, importante? Não seria mais proveitoso fazer-me solitária de vez? Afinal, quem são meus parceiros intelectuais na academia? E meus estudos, que teimam em não seguir o racionalismo clássico, interessam a quem? Quem me ouve? Quem me dá crédito? De meus pares, certamente, poucos. Por quê? O que me interessa de fato? Gosto de pensar com independência e sem interferências de modismos. Mas os modismos me afetam? Decididamente não gosto de estar sob holofotes, prefiro a solidão dos processos de criação e de pensar, pensar e pensar. Também gosto de ensinar, de ver os alunos rompendo brumas; mas me exibir, realmente, não gosto. Sou tímida, sou dos silêncios, do recolhimento, da contemplação, das observações – em cismar, sozinho, à noite / mais prazer encontro eu lá; este é o mote lírico do Gonçalves Dias. Talvez estas características de minha personalidade me levem a criar outra escala de valores, para os quais reajo organicamente, e não apenas como “discurso” enfático, sedutor, promessa de vitrine.  Qual é, afinal, o meu espaço? A solidão pode ser uma boa resposta. A solidão e a aguda consciência da individualidade. A solidão... Outra resposta: minha inadequação (ou falta de parcerias) à geração dominante e àquela que está desejosa de se instalar. No mais das vezes, ou me volto aos mais velhos (coisa de 10 a 15 anos), ou me filio aos mais novos (coisa de 10 a 15 anos). Isso me deixa de lado, meio à deriva. Enfim, sou um ser solitário – por temperamento e também por necessidades de sobrevivência. [e veja-se a ironia da coisa: tenho um blog para me expor...]

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