Em mim sempre se estabelece um conflito que, na maioria das vezes, não
alcanço solução. Sou deste ambiente acadêmico, mas ao mesmo tempo percebo-me em
inadequação. Muitas coisas me enfadam e me constrangem. Ainda não sei o que se
passa – sei apenas do desconforto que sinto quando ouço palestras
exageradamente auto-centradas. Será isso uma falta dos palestrantes ou minha? Na crueza
dos fatos, não me agradam. Que fazer? Abster-me? Aderir a
algo que me nauseia? Venho tentando uma parcialidade, mas creio que sem
eficácia. Passo despercebida até para recompor uma linha histórica das
atividades acadêmicas. E me pergunto: é isso, efetivamente, importante? Não seria
mais proveitoso fazer-me solitária de vez? Afinal, quem são meus
parceiros intelectuais na academia? E meus estudos, que teimam em não seguir o racionalismo clássico, interessam a quem? Quem me
ouve? Quem me dá crédito? De meus pares, certamente, poucos. Por quê? O que me
interessa de fato? Gosto de pensar com independência e sem interferências de
modismos. Mas os modismos me afetam? Decididamente não gosto de estar sob
holofotes, prefiro a solidão dos processos de criação e de pensar, pensar e
pensar. Também gosto de ensinar, de ver os alunos rompendo brumas; mas me
exibir, realmente, não gosto. Sou tímida, sou dos silêncios, do recolhimento,
da contemplação, das observações – em cismar,
sozinho, à noite / mais prazer encontro eu lá; este é o mote lírico do
Gonçalves Dias. Talvez estas características de minha personalidade me levem a
criar outra escala de valores, para os quais reajo organicamente, e não apenas
como “discurso” enfático, sedutor, promessa de vitrine. Qual é, afinal, o meu espaço? A solidão
pode ser uma boa resposta. A solidão e a aguda consciência da individualidade. A
solidão... Outra resposta: minha inadequação (ou falta de parcerias) à geração
dominante e àquela que está desejosa de se instalar. No mais das vezes, ou me
volto aos mais velhos (coisa de 10 a 15 anos), ou me filio aos mais novos
(coisa de 10 a 15 anos). Isso me deixa de lado, meio à deriva. Enfim, sou um
ser solitário – por temperamento e também por necessidades de sobrevivência. [e
veja-se a ironia da coisa: tenho um blog para me expor...]
Nenhum comentário:
Postar um comentário