sexta-feira, 11 de maio de 2012

tirei o dia pra pensar

onde quer que eu vá, vou com o pensamento em fernando pessoa. mas resolvi, hoje, tirar o dia pra pensar; decidi: vou ver se encontro umas novilhas ou terneiras de sobreano pra comprar, umas 10 cabeças. é que estou com o campo cheio de pasto. e fui pensando em poesia... as coisas que pensei! tem tantos estudos sobre poesia muito chatos! muito previsíveis, muito comuns. a poesia encastelada nos muros universitários... que triste. hoje em dia só se dá crédito ao poeta que também é professor. mais do que triste, isto é um preconceito e, como todo preconceito, ridículo. mas a verdade é que há muito professor que também é poeta (como eu, aliás...). e eu ia pensando, nesta tarde linda de hoje, em como sair da armadilha que eu mesma criei pra mim nas aulas da pós-graduação... sinceramente, como repetiria manuel bandeira em seus dias mais fervorosos de modernismo, "estou farta do lirismo bem comedido...". muita poesia parece ser nova, inovadora, original, estupenda, mas ... ainda é repetição. com uma roupagem cheirando a verde, mas ainda sim repetição. quando a idéia é boa, pro poema, a forma não acompanha a idéia, e vice-e-versa. é que ainda tem poeta que pensa que no poema vale tudo, não há verso mais difícil do que o verso livre, por exemplo. e o excesso de uma cabeça teórica também faz mal ao poema. porque poesia é muito mais do que um desejo, muito mais do que um exibicionismo, muito mais do que uma extensão profissional.
a poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. a poesia revela este mundo; cria outro. pão dos eleitos; alimento maldito. isola; une. convite à viagem; regresso à terra natal. inspiração, respiração, exercício muscular. súplica ao vazio, diálogo com a ausência, é alimentada pelo tédio, pela angústia e pelo desespero [...]
assim começa octávio paz em seu livro "o arco e a lira", escrito em 1956.
enquanto eu seguia no trotezito corredor a fora, pra ver se comprava umas novilhas, pensei outras coisas também, mas estas ficam pra outro dia.

2 comentários:

  1. Y como dijera Gustavo Adolfo Bécquer: "Poesía eres tú".

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  2. Raquel, querida professora de quem nunca esqueço, escreve mais! Mais e mais e mais!

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